quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A surdez: um olhar sobre as diferenças


Por Egline Gleice

O texto “a surdez: um olhar sobre as diferenças” do organizador Carlos Skliar feito por Gladis Perlin, uma mulher surda residente em pais latino-americano aponta a questão da identidade surda e suas diversificações, tendo como embasamento teórico a teoria pós-estruturalista, abordando questões bastantes importantes sobre a situação dos surdos.
Gladis enfatiza como o ouvitismo interage, ou melhor, domina, subordina os surdos, como a sociedade “assume” o sujeito surdo e a questão cultural do surdo. De forma critica e integradora Perlin divide seu texto em sete tópicos breves para melhor abordar as questões citadas acima, e também depoimentos dos surdos em determinadas situações.
A autora afirma que o grande mal estar na convivência dos surdos com os ouvintes, devido à própria imagem que certos ouvintes têm em relação aos surdos. No tópico do estereótipo Gladis diz que os ouvintes exprimem os surdos, pois eles são vistos como figuras frias e desprovidas de definição cultural. Perlin mensura que não vai ligar o ouvitismo com o preconceito contra os surdos; afirmação esta que particularmente discordo, pois as indagações citadas no texto da autora como esta que segui: “É nesse sentir-se rejeitado em comunicação que nos faz sentir-nos mal em família. Não há um sentir-se igual. É impossível ser feliz no clima desses. E o exílio do silencio a que estamos sujeitos. Sujeitos a sermos devotados aos ouvintes e sem esperanças.” Mostram-nos, a rejeição que os surdos sofrem por sentirem-se fora de contexto em relação aos ouvintes. Se o depoimento de Gladis não for de conseqüência preconceituosa precisarei consultar o dicionário para rever o significado da palavra preconceito.
Outro depoimento citado no texto também pode ser comprovado como uma atitude de rejeição direcionada aos surdos como este que segui: “Tais praticas tem representação até mesmo no plano de produção onde uma lista de profissões de menor porte foi elaborada. A idéia de o surdo concentrar-se facilmente em suas atividades sem a distração do barulho leva a uma imagem do surdo como produtor braçal de produtividade.” Tal afirmação comprova que o surdo é visto como “produtor braçal” incapaz de gerenciar algo, além da indiferença direcionada ao mesmo.
Outro fator importante trabalhado no texto é que a escrita do surdo não vai se aproximar da escrita do ouvinte, pois um surdo não tem necessariamente a obrigação de entender ou escrever a língua materna de seu país, que é falada e escrita pelos ouvintes. O conceito lingüístico dos surdos é completamente diferente do conceito lingüístico dos ouvintes, a final de contas é outra língua, é a língua de sinais.
Recomendo essa leitura não só aos acadêmicos, mas também a todas as pessoas que se interessam em saber a situação dos surdos no meio social e principalmente para os ouvintes, afim de que eles leiam esse texto e reflitam sobre suas ações e interações direcionadas aos surdos.